Este blog é um espaço para relatos de experiências, discussões e troca de informações para todos os interessados em Educação, essa tarefa indispensável para a sobrevivência de uma nação.
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Olá Classe!: Petróleo e Nióbio
Olá Classe!: Petróleo e Nióbio: Estou meio fora de ver notícias há alguns dias por atropelos de fim de ano. Mas parece que terei que arrumar um tempo para me inteirar ...
Petróleo e Nióbio
Estou meio fora de ver notícias há alguns dias por atropelos de fim de ano.
Mas parece que terei que arrumar um tempo para me inteirar do que está acontecendo neste país.
Acho que eu gostaria de ter uns 20 e poucos anos hoje em dia para ter tempo e energia para sair escarafunchando tudo o que se passa nessa eterna república de bananas que nunca chega ao tal futuro prometido.
Mas sei que não viveria muito. Aliás, acredito que "sumiria" se fosse ,por exemplo,para a câmara de vereadores ou chegasse a algum posto elevado no setor público.
Entro no Twitter agora à noite e sou informada que decidiu-se que os royalties do petróleo serão aplicados na educação.
Descubro também, que temos 98% das reservas mundiais conhecidas de um troço estranho chamado Nióbio.
Do que ouvi, parece que a tal substancia é fundamental em áreas chave para o desenvolvimento e é caríssima.
Tem muita gente feliz com a destinação dada aos royalties, mas me parece que poucos deles, como eu, jamais haviam ouvido falar em Nióbio....
Some-se a isso, o fato de que há 4 dias fomos agraciados com o penúltimo lugar mundial em qualidade de educação.
E alguém vai querer que eu fique animada?
Desistam, por favor!
Algo me diz que estamos tendo nossos tapetes puxados de forma absurda. Pensem em teoria da conspiração se quiserem mas, não só o Nióbio está debaixo do tapete de alguém ... Deve ter muita coisa sendo feita bem longe de nossos olhos.
Em uma semana em q a cena de telejornal mais incrível que eu vi foi a de uma ministra de estado dizendo com um sorriso no rosto, que o povo nordestino é esperançoso e vai esperar pela água até 2014, como se um atraso de décadas fosse bobagem, me pergunto: kd o dinheiro do Nióbio? kd o dinheiro de nossos impostos? O que é feito de todas as substâncias de nome esquisito que este país produz? Por que nossas riquezas jamais nos levam ao desenvolvimento proporcional?
E aí penso nos esperançosos dos royalties. Eu não consigo ser tão otimista assim. É muita grana entrando? Mas quanto dela efetivamente será usada onde deve? Quanto será desviado?
E o mais sério: digamos que cada centavo dos royalties cheguem mesmo aos bolsos da educação. Vocês acreditam que dinheiro faça milagres? Sim, porque só dinheiro não vai resolver nossa educação. Ele é essencial sim. Mas investir em fundo falido é uma dificuldade sem tamanho, não traz frutos. Não inventem de aumentar salários de professores, a não ser daqueles pobre coitados que trabalham por gorjetas nos interiores do país. Isso não resolve. A solução seria, a partir de uma grande soma de dinheiro, investirmos na formação e reformulação de professores. Um processo de reengenharia da educação, termo já desgastado mas útil como caminho. E de um trabalho monumental com os alunos de todos os níveis de escolaridade.
Precisamos também de preparar solidamente os diretores de escola. Gestão escolar é peça fundamental para a melhoria da qualidade da educação.
De alguma forma também, esse dinheiro precisará ser investido nas famílias. Não falo de bolsas! Falo de um tipo qualquer de psicodrama social que mobilize as famílias e as comunidades em prol da educação.
Vão ter aqueles que defenderão seus rincões: ensino fundamental, médio e superior. Nada de bairrismos! Todos os níveis tem que ser melhorados, alterados mesmo.
Há muito o que dizer, não conseguiria esgotar o tema aqui. Porém, vou tocar levemente em um ponto, o da revisão dos cursos universitários particulares. Sem querer, já que não é minha função principal, tenho esbarrado na necessidade de avaliar, mesmo que superficialmente a formação recebida por diversos profissionais de nível universitário. Fico escandalizada! E só eu fico!! Isso acontece, porque entre os que convivo, talvez eu seja a formada há mais tempo. Os avaliados em geral formaram-se a partir da 2ª metade dos anos 90 do século XX. O ensino que receberam é muito superficial, básico mesmo. As exigências são muito menores se comparadas aos tempos em que eu estudei. Acho que a formação segmentada que vemos hoje por aí (ex: fazer 2 anos de curso, receber um diploma e SE quiser, fazer mais 2 e receber outro e por aí vai) só pode ser comparado em sua periculosidade e ineficiência com a promoção continuada dos ensinos fundamental e médio.
Portanto senhoras e senhores, comemorem, mas fiquemos extremamente atentos ao que vai ser feito com o dinheiro dos royalties e passemos a pedir explicações sobre todo o dinheiro que há neste país.
Em meio a tento petróleo e nióbio, o que temos visto é um excesso de ministros sorridentes, planaltinhos fervilhantes, e esperançosos desidratados.
Algo está muito errado.
Precisamos ficar de olho.
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Eu e o Funk Parte 2
O documentário Funk Ostentação ( http://www.youtube.com/watch?v=FOjHuJ0k1ME ) mais do que uma divulgação do Funk e seus artistas, é um material de grande potencial para análises sociológicas.
Fala de ostentar, portanto de consumir.
E isso dá muito pano prá manga.
Consumismo é um mal que atinge a humanidade há muito tempo. Ele corrompe, ilude, distorce conceitos éticos, promove selvagerias de todos os lados (do mercado e do consumidor). Atinge todas as classes sociais.
Muito se tem dito, por exemplo, sobre o consumo nas classes abastadas. Há pouco tempo houve uma enxurrada de matérias sobre o consumo infantil. Não mais aquele consumo de brinquedos, mas o de moda e estética. São meninas de 8, 9, 10 anos que vão ao cabeleireiro semanalmente, ou as de 6, 7 que usam saltos altos contrariando, com o aval de suas mães (imbecis/plastificadas) qualquer sinal de bom senso.
Nem vou tentar no assunto do ser/ter. Parece que a maior parte da humanidade definitivamente escolheu o ter e é por ele que é guiada.
Aí, chegamos a um detalhe básico. Vivemos na era da informação automática, imediata.
A divulgação de produtos lançados do outro lado do planeta, chegam até nós em poucos minutos. A manipulação de nosso interesse por eles também.
Todos queremos o que há de melhor. Sempre foi e será assim.
O problema fica por conta da capacidade individual de discernir até onde somos capazes de chegar para atingirmos nossos objetivos.
Pois bem. A tal informação rápida, chega às classes C, D e E com a mesma rapidez.
A questão é que para as classes menos favorecidas a realização dos desejos está um pouco mais distante.
No documentário há uma participação do sociólogo Renato Meirelles, diretor do Instituto Data Popular ( http://www.datapopular.com.br/ )cuja visita eu recomendo e muito!
Ele diz " O discurso da denúncia perde força para o discurso de celebração" , referindo-se ao processo de migração do funk agressivo e cheio de violência e palavrões para o da ostentação, carros e jóias.
Quem se der ao trabalho de ler os artigos do Data Popular voltados para o comércio específico para classes baixas, vai entender do que eu falo.
Voltemos à distância entre o consumo de luxo e as classes C,D e E.
É óbvio que a aquisição de sonhos traz alegria (felicidade e outra coisa) e que celebrar isso é natural.
Natural também é que outros sintam-se estimulados a buscar caminhos para o pote de ouro.
E esse é o mote do Funk Ostentação, gente cantando o próprio sucesso, a ascensão social.
Dizer que houve aumento do poder de compra dessa faixa de mercado é tão fantasioso quanto dizer que não há inflação ou que o salário mínimo é suficiente.
Houve aumento sim, do acesso ao credito, fruto da astúcia de comerciantes que sabem das boas e honestas intenções desses consumidores.
Abrir caminho para esse tipo de consumo cria nas pessoas ideias de crescimento que convenhamos, não suportaria um leve tremor nas estruturas econômicas do país. Mas continuará a crescer juntamente com o ganho com juros e mais juros.
E essa situação, é sustentada por aquele meu assunto favorito: educação. Quer dizer, a falta dela.
Ler os artigos do Data Popular e ouvir os depoimentos do documentário nos mostra o fato de que nada é mais simples do que convencer e guiar analfabetos funcionais. O pior é qe hoje eles já chegaram as classes A e B, portanto, um dia vão ocupar postos chave, de comando.
Ao invés de provocar arroubos de preconceito ou discussões sobre bom e mau gosto, o Funk Ostentação deveria mobilizar aqueles "educados" que ainda restam neste país para à partir do ritmo que faz a cabeça desses rapazes e moças. criar algo melhor e produtivo.
O que falta é a percepção de que aqueles produtos de luxo desejados deveriam vir acompanhados de detalhes dos mundos aos quais pertencem originalmente, o conhecimento, a cultura, a educação .
Ou será que não h´a mais "educados" interessados em outra coisa que não o consumo e a ostentação?
Portanto caro leitor, não importa se você consome selvagemente ao som de ópera, rock ou funk. O que importa é o peso da ostentação na balança da sua vida.
Ola Pessoas
Adoraria que os seguidores de outros países dessem um olá, se apresentassem. São tantas as visitas de Palo Alto -EUA, por ex... gostaria de saber quem são.! Abraço
sábado, 24 de novembro de 2012
Eu e o Funk Parte 1
O sucesso do documentário do qual meu filho é um dos produtores http://www.youtube.com/watch?v=5V3ZK6jAuNI&feature=plcp me deixou com muita vontade de voltar no assunto arte/educação/desenvolvimento.
Então, antes que alguns comecem a gritar que funk não é arte, vamos lá!
Primeiro uma definição, de um site muito consultado especialmente no meio escolar, o Info Escola:
"A designação do termo Arte vem do latim Ars, que significa habilidade. É definida como uma atividade que manifesta a estética visual, desenvolvida por artistas que se baseiam em suas próprias emoções. Geralmente a arte é um reflexo da época e cultura vivida. (..) A Arte é desenvolvida com o intuito de mostrar o pensamento do artista e expressar os sentimentos, por meio de correntes de estilo e estéticas diferentes."
E todo mundo sabe que ela se manifesta por diversos canais: pintura, desenho, escultura, fotografia e música.
O que é música? Na Wikipedia "A música (do grego μουσική τέχνη - musiké téchne, a arte das musas)[1] é uma forma de arte que se constitui basicamente em combinar sons e silêncioseguindo uma pré-organização ao longo do tempo.[2]
É considerada por diversos autores como uma prática cultural e humana. Atualmente não se conhece nenhuma civilização ou agrupamento que não possua manifestações musicais próprias. Embora nem sempre seja feita com esse objetivo, a música pode ser considerada como uma forma de arte, considerada por muitos como sua principal função.(..)Para indivíduos de muitas culturas, a música está extremamente ligada à sua vida.
Portanto, temos aí uma manifestação de arte (a música e a dança) fortemente influenciada pelo meio culural que a produz.
Não estou discutindo se eu ou vocês gostamos de funk. Mas, o fenômeno está aí, as barreiras sociais estão derrubadas e o ritmo cresce na mídia alcançando todas as camadas sociais.
Aí, fico tentando entender, querendo escrever à respeito e não me acho, porque não vou parar neste post... O Funk vem se mostrando um fenômeno social tão forte que merece discussões sobre todos os seus aspectos. Hoje falo apenas da música e da dança em si, alvo de preconceito e rejeição de muitos e adoração para outros tantos.
Vale lembrar, que tudo que é novo ou "desviado" da ordem vigente causa espanto.
Isto aconteceu sempre, da música erudita (e seus diversos compositores ao longo dos séculos) passando no caso do Brasil pelo samba, amplamente rejeitado nos primeiros tempos, ao rock no mundo todo.
Quem não conhece a rejeição sofrida no início por Elvis Presley, por exemplo? Seus movimentos sensuais escandalizaram o mundo.
Quantas meninas inglesas foram trancadas em casa por seus pais para não irem a shows dos Beatles dos primeiros tempos?
Quanta gente achava um horror o clima de Woodstock?
Samba era coisa de preto/ pobre /marginal até muito pouco tempo... ou estou enganada?
Aí vem o funk, com suas letras altamente agressivas (os tais proibidões), fruto do meio social em que vivem seus compositores. É praticamente uma descrição de seu dia a dia. E quem já esteve na periferia de cidades como São Paulo e Rio, sabe que não há exagero nas letras.
Sou a favor dessa temática? Não. Acho que apenas sedimenta um pensar, um sentir violento, coisa que o mundo não precisa, já tem demais! Mas é real e socialmente justificável.
Agora, destaca-se uma nova fase do Funk, o chamado Funk Ostentação, que será o tema das minhas "análises" no próximo post . Como é possível constatar no documentário, a nova fase reflete a alegria das classes D e E (de onde geralmente vem os compositores) com sua "ascensão social". Porém, poucos fora do "meio produtor" do Funk param para ouvir as letras o suficiente para compreendê-las, mesmo porque, há tanta gíria e tantos erros, que muita gente vai torcer o nariz mesmo. A situação me faz lembrar (e portanto, parar, ouvir e pensar a respeito) aquela situação bem conhecida dos mais velhos e que acontecia lá nos anos 60, 70, onde os "patrões" diziam que não assistiam o programa Silvio Santos e outros no gênero, e quando eram pegos em algum comentário sobre o tal programa, diziam que haviam passado pela porta do quarto da empregada....
Quando comecei a pensar em falar a respeito, e já disse, vou fazer um outro post tentando analisar outra parte deste fenômeno, fiz algumas elocubrações... eram mais ou menos assim:
- o Funk tem um ritmo contagiante, difícil não "se mexer"
- de mulher e homem bonito todos gostam
- sensualidade? ou mais! excitação sexual? quase todos gostam, os que dizem que não... vai saber...
- champange, Wiskhy caro, vodka russa? muitos gostam.
- carros e motos potentes, relógios caros, barcos, jóias? quase todos gostam.
- dinheiro? TODOS gostam e querem.
- Fama, status? pouquíssimos dispensariam...
Então por que diabos não paramos de criticar e encontramos uma função mais positiva para esse estilo musical????
Mas isso, vocês talvez só entendam depois do próximo post.
Um funk ao menos de que eu goste? Claro... vá lá! Um clássico que vivo cantando e já dancei muito!
Até o próximo!
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