EDUCAÇÃO E REDES SOCIAIS Caberia aos pais e especialmente aos professores guiarem os jovens nessa viagem pelo conhecimento.
Mas não é o que acontece.
Há um temor a princípio infundado de que estimular o acesso à rede nas escolas seria abrir espaço para conteúdos inconvenientes ou causaria uma maior dispersão dos alunos.
Acredito que falte a consciência de que o gerenciamento da situação/aula inclui a orientação, a indicação e também a determinação do conteúdo ou ferramentas a serem acessados.
Muitos vêem nessa atitude uma tendência ditatorial. Mas não é o caso. Trata-se apenas da necessidade de rever as possibilidades, os caminhos pedagógicos necessários diante de um mundo novo para professores, mas que é de conhecimento quase natural para os alunos.
Neste contexto, deve ficar claro que o conhecimento e os anseios dos alunos devem ser respeitados, mas que o direcionamento deve ser do professor.
Os conteúdos e ferramentas que serão explorados deverão ser pesquisados e absorvidos pelo professor de forma a dominar seu uso.
Dentro do Universo da Internet, o fenômeno mais recente e retumbante são as redes sociais.
E a participação de brasileiros nelas, surpreendeu o mundo!
Somos maioria no Orkut, no Facebook, no MSN e estamos chegando lá no Twitter sem falar nas redes menos conhecidas.
As redes talvez sejam o supra-sumo da democracia no mundo.
Nelas não há critérios seletivos para a adesão.
Estão lá pessoas de todas as idades, credos e posicionamentos políticos.
È claro que tanta diversidade também traz problemas, mas neste texto, vamos ignorá-las para nos atermos aos benefícios desses canais de informação.
Revisitando as redes citadas aqui, constatei que até existem tentativas de uso educacional, especialmente no Orkut que tem comunidades voltadas para várias matérias curriculares, porém, é possível constatar também, que a adesão, inclusive de professores é muito pequena, principalmente se comparadas às comunidades de assuntos diversos da educação. Fala-se em criar redes próprias em escolas (particulares a princípio) para evitar que os alunos atentem para assuntos gerais das redes ao invés de participar e utilizar o conteúdo educacional proposto.
Acredito que as redes devem ser usadas da forma que foram propostas. Uma forma livre que oferece a possibilidade de escolhas pessoais.
É um engano dizer que as redes sociais são usadas para banalidades apenas. Banalidades atraem como em qualquer ambiente.
A tendência do ser humano é unir-se aos seus iguais, buscar por seus hábitos, interesses e pelo atendimento de suas necessidades.
Assim, no universo de milhões de usuários, é totalmente possível, aderir a grupos de igual interesse.
Nesse contexto, as escolas e os professores, devem agir como os "fundadores" de grupos ou comunidades nas redes sociais voltadas para os interesses pedagógicos das disciplinas a lecionar.
A participação dos alunos não pode ser opcional, como não são as aulas convencionais, mas também não podem ser vistas por eles como uma forma de economia financeira ou logística de escolas e professores, como é comum ouvirmos de estudantes universitários que na maioria das universidades hoje tem uma porcentagem de aulas no sistema EAD.
Os debates virtuais se forem feitos de forma descontraída e interessante, promovendo informações mais amplas e lúdicas em muito pouco tempo poderão arrecadar o interesse e a participação dos alunos, ou mesmo de professores quando as redes sociais forem usadas por grupos de desenvolvimento profissional.
Quando se fala no assunto, é questionado o fato de que a linguagem usada pelos usuários da rede foge aos critérios da língua culta.
Este ponto, porém, não é de difícil solução.
Há duas saídas possíveis, considerando-se apenas que a escola e os educadores mantenham as normas cultas, de forma menos radical, usando por exemplos as abreviações comuns na comunicação virtual, o que não fere em nada as regras gramaticais, mas ao contrário trazem mais um ensinamento.
Opção 1 – Permitir uma linguagem coloquial.
Opção 2 – Determinar regras, entre elas a utilização tradicional do vernáculo evitando gírias e expressões idiomáticas.
Mas convenhamos, a opção dois só faz sentido realmente na disciplina Língua Portuguesa!
Estou convencida que o uso das redes sociais de forma mais abrangente, traria inúmeros benefícios para a educação, entre eles: - A aproximação da escola e do educador do universo cotidiano dos estudantes
- A possibilidade de troca de informações com outros estudantes e entre professores
- A observação das dificuldades de cada grupo, que poderiam ser analisadas e solucionadas, talvez, se necessário, em aulas tradicionais.
- Maior agilidade na absorção das informações
- Ampliação do conhecimento através da indicação de links confiáveis sobre os assuntos tratados e também a comparação entre os conteúdos oferecidos por eles.
- O acréscimo de ferramentas como imagens, vídeos e som que remetam ao conhecimento almejado, fixando melhor a informação.
- Para o professor, cria-se assim, um ambiente menos estressante e de controle mais eficaz.
As possibilidades são inúmeras. É preciso aderir às novas ferramentas para que o espaço da educação através delas seja garantido ao invés de oferecê-lo a questões menos produtivas e relevantes.
A educação no Brasil sofre de um declínio de qualidade intenso e constante há pelo menos quatro décadas.
Nesse período, abandonamos as teorias clássicas de pedagogia para adotar métodos considerados "mais liberais"
Desmistificou-se a figura do detentor de saber, antes incorporada pelo professor e passamos a ver o ambiente de aprendizagem como um lugar de troca de conhecimentos.
Pelos resultados obtidos no Brasil e pela atitude de outros países mais desenvolvidos que abandonaram as técnicas mais liberais (como o construtivismo), faz-se necessária uma revisão dos motivos e de novas saídas para a situação.
Pelo contato com professores e alunos de todos os níveis de escolaridade e também profissionais de nível universitário, percebo uma sensação de desorientação sobre os rumos a tomar diante do fracasso educacional e da percepção da insuficiência de conteúdo obtido na formação profissional.
Discute-se efusivamente a necessidade de formação técnica no país, algo que foi feito com sucesso nos anos 60, 70, mas não é questionada a existência de professores com base consistente para oferecer a tal formação técnica.
Acredito que o fracasso de nossa educação é fruto da ânsia por liberdade surgida no período pós ditadura militar.
Confundiu-se liberdade com liberalidade, com abandono de regras de forma absoluta.
Neste contexto, o professor deixou seu papel de autoridade máxima na sala de aula.
A troca de conhecimento entre professor e aluno é válida e sabemos que muitas vezes o professor aprende muito com seus pupilos.
Porém, os anos de estudo do professor, o conteúdo que ele adquiriu em sua vida acadêmica não apenas não podem ser desprezados como devem ser retransmitidos aos alunos.
A questão de alguns anos para cá é a indiferença dos alunos pelo saber.
Hoje, conhecer ciência, geografia, história, ou a língua pátria não causa interesse em crianças e adolescentes.
Ou será que o que não os interessa mais é a sensação de confinamento de uma sala de aula que o afasta daquilo que mais almeja: o contato indireto (virtual) porém imediato não só com seu amigos mas também com o mundo?
A Internet desde os anos 80 oferece às pessoas um universo de possibilidades infinito e com a rapidez exigida em tudo em nosso tempo.
O Brasil, por razões óbvias levou algum tempo para levar esse benefício à maioria de sua população.
Mas paulatinamente, mesmo aqueles que não têm condições financeiras para acessar a rede vêm sendo beneficiados por programas governamentais de todas as esferas de poder nacional.
São os centros de acesso gratuito à rede mundial e as "lan houses" que estão em todos os lugares de forma gratuita ou por valores módicos.
Nas escolas particulares, a rede em geral já está disponível.
Nas públicas, ainda há um longo caminho a percorrer até que todos sejam beneficiados pelo acesso aos computadores e às ferramentas de informática.
Porém, o que registramos com facilidade através dos comentários de professores e alunos em todos os níveis é que tanto nas escolas particulares como nas públicas, o uso da rede mundial e suas redes sociais é desprezado ou subutilizado.
De um lado, crianças, adolescentes e jovens prejudicados por uma história educacional que não lhes proporcionou independência de raciocínio, o que dificulta o uso correto da rede que embora seja quase completa, exige direcionamento na pesquisa e o velho e indispensável bom senso.
De outro, professores que para atender as exigências de sua profissão ficaram presos em burocracia e infinitas horas de preparo de aulas e relatórios (à moda antiga) e que por isso, em geral, não tiveram tempo nem o insight que lhe permitiriam perceber a lâmpada mágica que tinham em mãos.
Desde o advento da rede mundial, sempre nos impressionamos (e deliciamos) com a grande quantidade de conteúdo disponível de forma imediata.
Há de tudo na rede e nem tudo é confiável.
Muito bom seu texto! Sou pai de uma menina de 13 anos que estuda no Garriga de Menezes e essa interação professor-aluno-escola-web já vem acontecendo, mesmo que seja num ritmo não tão acelerado - o que até é bom. A minha filha por várias vezes fica como responsável de atualizar a agenda no site da escola e usa muito bem as redes sociais para expandir o universo de interesses. Penso que tudo deva ser mantido de forma aberta, sem censura ou vigilância, baseando-se na relação verdadeira seja no mundo real ou virtual.
ResponderExcluirParabéns!
O caminho é este, não há o que interpretar, temos apenas que dar as condições para que todos possam ter acesso, teremos uma educação mais democratica e igual, onde apenas o desmepenho do aluno conta, e não apenas a escola onde estuda. Parabéns.
ResponderExcluirMuito bom o texto!
ResponderExcluire é material para aprofundar o debate!
Mas, acredito diferentemente do Cesinha Chaves, que os pais e responsáveis devem sim, manter vigilância.